(F)Ato... (31.08.2019)

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Tudo que tem massa ocupa lugar no espaço... Isso a química e física de segundo grau dissecam com perfeição. Se assim é, tudo que transita dentro de uma massa, em algum momento 'interage' com ela, seja tomando-a para aproximação ou afastamento. Basta um pouco de leitura para chegar à conclusão que a 2ª Lei da Termodinâmica não é universal. A vida é finita, contudo apagar o (f)ato (diferente de vestígios) dela ter existido é impossível. O espaço tempo pode ter várias direções, todavia ele só pulsa num sentido. É o que penso. Coloco isto pois creio haver opiniões diversas. Mais uma novela chinesa para o meu caderninho...

A Fachada

Cena 2010, Ato 12.1 (02.12.2010)
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"- Esse lugar tem me mudado muito, Luiselza. Cheguei aqui e não sabia cortar uma laranja, pois vivia numa redominha de vidro. Esse lugar está me deixando com o coração duro, muito duro. Antes eu achava que tinha que cuidar de todo mundo, da mesma maneira; hoje acredito que existem pessoas que deviam morar do lixo.
- Logo, logo você sairá daqui, querida. Essa é uma realidade que choca bastante todos quanto não a buscam, de uma ou outra maneira. Estou aqui porque quis, mas sei que não é fácil. Também mudei bastante; creio-me bem mais forte.
- Mais forte também estou, mas estou seca, irrito-me quando entro aqui, as horas não passam. Parece que tudo aqui é inútil, nossos esforços não servem para nada...
- Inútil não; fachada. E servimos sim, mas não como quereríamos e poderíamos.
- Você veio, conscientemente, para uma fachada?
- Não era para ser assim, se isto aqui fosse levado a sério por todos."
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Cena 2010, Ato 12.2 (04.12.2010)
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- Não chore d. Isabel.
- Mas eu quero ajudar...
- A senhora quer ajudar, mas a senhora não pode ajudar da maneira que deseja.
- Estou decepcionada demais.
- Não se decepcione. Se quer ajudar mesmo, vá à oncologia pediátria do Hospital Oswaldo Cruz e procure procure aqueles pacientes terminais ou os da quimioterapia.
- Eu conheço aquilo ali...
- Pois bem. Chegue lá e converse com eles, não como eles pessoas que vão morrer amanhã, mas como se saissem dali curados. Muitos não possuem família e estão completamente largados. Vá lá, sorria, se alegre e não chore na frente de quem está apenas com vontade de chorar, pois todas as forças já foram embora.
- Você tem razão. Aqui estou é perdendo tempo..."
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Cena 2010, Ato 12.3 (06.12.2010)
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- Por que estão tirando os lençóis novos? Eles estão tão cheirosinhos...
- Era somente para aparecer nas fotos da festa de inauguração."

Troféu

Cena 2010, Ato 12. (04.12.2010)
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"- Você está diferente...
- Hummm. Diferente todos estamos e desde que nascemos. Você quis dizer: Seletiva.
- É verdade...
- Sendo a mudança uma constante, posso apenas selecionar o que quero. Quanto às pessoas, deixo que elas selecionem ou não, a minha presença. Isto me poupa bastante tempo e me livra de aborrecimentos.
- É muita selação. Kkkkkkkk. Você anda mesmo afastada da internet...
- Nem tanto. Apenas estou cuidando de viver no mundo real; o mundo virtual não me serve tanto quanto desejo, pois pretendo levar, da vida, realidade e não ilusões. Quero fazer com que valha à pena... Minha amiga; tempo ou se investe ou se perde.
- É verdade. Você tem razão. E Carolina? Ela está gostando daqui?
- Sim, está.
- Ela vai fazer vestibular para que?
- Jornalismo na UFPE.
- Sinto você tensa...
- Um pouco, também pelo vestibular da Princesa. Este lugar me tem apertado os nervos. Quero sair daqui, sei que devo e não sei quando poderei... Se minha mãe e Carolina estivessem aqui (Coisa que eu não pretendia, porém que elas querem.) e bem instaladas, eu já teria me esquipado.
- Para onde?
- São Paulo, muito provavelmente.
- Eu, hein. Eu não gosto dali não. E você iria fazer o que lá, mesmo?
- O concurso-mor, buscar aquele troféu que massageia meu ego.
- Como? Não entendi...
- Deixa para lá."

Teoria do "Foda-se".

Cena 2010, Ato 11. (09.11.2010)
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"- Será que você não pode usar um termo mais suave? Não dá para trocar essa expressão aí por um "Dane-se"?
- Dá não Luiselza. É "Foda-se" mesmo.
- Que horror, isso soa desagradável demais, até mesmo para se pensar, quanto mais para se dizer... É trazer lixo para dentro dos pensamentos.
- Concordo com você, Luiselza.
- Vocês duas estão muito erradas e isso não é trazer lixo não: É para se livrar do lixo. Eu era assim como vocês: Eu vivia preocupado com tudo e com todos, tenso com o que podia acontecer com o mundo...
- E você não vive mais preocupado, H.?
- Não. Minha vida mudou da água para o vinho, depois que eu adotei a "Teoria do Foda-se".
- Afff...
- Afff nada. Quantas vezes você se preocupou com alguém, Luiselza, aconselhou e tentou ajudar para evitar que a pessoa se lascasse, ou para tirar a pessoa do buraco?
- Várias vezes. Eu acredito que apenas se todos os elos estiverem fortes é que a corrente estará forte.
- Deixe de coisa. Quantas vezes você aconselhou E. a não fumar?
- Perdi a conta...
- E ela, o que fez, mesmo sabendo que tem tuberculose?
- Continua fumando.
- E você continua se preocupando...
- Sim.
- Você ganha coisa com essa preocupação, além de você se aborrecer ou se desgastar ou perder tempo?
- Não.
- Você quer ter é a consciência limpa de que se preocupou?
- Não é bem assim e não apenas isto...
- Você não deve gastar seu tempo com quem não quer conselhos e não quer melhorar.
- Isto é verdade...
- Não é apenas isto não. Quer mudar o mundo? Deixa de besteira. Aconselhou uma vez e a pessoa sabe que está lascada, fudida e não quer melhorar? Então "Foda-se".
- Às vezes a pessoa não pode mudar...
-Deixa de arrumar desculpa imbecil, Luiselza.
- Concordo com ela...
- Deixa de arrumar desculpa imbecil, L., você também. Vocês duas devem gastar o tempo de vocês com quem quer mudar de vida e "Foda-se" o resto. Eu vivia nessa paranóia de querer tirar gente do buraco, mas tem gente que é como lombriga: "Saiu da merda, morre." E você, para tirar alguém da bosta, tenta entrar nessa, mete sua mão, gastando seu tempo em vão e deixando de estar ao lado de quem quer sair ou não quer entrar na lasqueira. Porra! Tem gente que quer viver fudido mesmo, com a cabeça e o corpo podre e se irrita e ridiculariza com quem quer tirar o imbécil da bosta. É você arrumando força para ajudar e o cara aarumando desculpa e puxando a corda para o lado de que não pode ser ajudado. Não pode ou não quer mesmo... Então, deixa que a pessoa faça o que quer: "Foda-se.". Se você só tem uma bóia e são duas pessoas se afogando, uma que está tentando se matar e outra que está se afogando por acaso, a quem você joga a bóia?
- A quem está se afogando por acaso.
- E você L., para quem jogaria a bóia?
- Para quem está se afogando por acaso, é claro.
- Então: "Foda-se a outra." Vocês duas acham que todo mundo quer conselho e ajuda, é? Um cacete, essa idéia idiota de vocês. Caralho! Todo mundo tem problema, mas tem gente que quer se alimentar apenas com eles e o que vocês duas tem a ver com isso?
- Pensamos num mundo melhor...
- Deixa essas porras irem para psicólogo e psiquiatra. Vivo dizendo isso direto, para minha mulher, que vivia se preocupando com um bocado de gente e se esquecendo de pensar em quem quer viver. Duas pessoas não podem estar no mesmo lugar, no mesmo tempo. Duas pessoas não podem fazer bem duas coisas, ao mesmo tempo. Um médico não faz duas cirurgias na mesma hora. Uma pessoa não pode ajudar duas ao mesmo tempo e principalmente se uma não quer ajuda. Isso aqui devia mudar vocês para aprender a verdade e a realidade do mundo. Se vocês querem ajudar, vão ajudar quem queira ajuda. Ajudar quem não quer ajuda não é caridade não, é burrice e perda de tempo. Burrice e perda de tempo. Burrice da grossa. Se vocês querem ser burras e perder tempo, façam uma besteira com vocês mesmas e não pelos outros.
- Que coisa, H.
- Vocês não conseguem é argumentos e sabem que estou falando uma coisa certa.
- Pensamos num mundo melhor... Não dá para, ao menos, evitar essa expressão?
- Também penso num mundo melhor, mas só uso meu tempo com quem quer melhorar mesmo. E não dá para evitar o "Foda-se." não, pois é com ele que eu viro a página do tempo que eu gastei um dia e que não gasto mais. Eu vivia tremendo de nervosismo para ajudar um monte de gente, correndo para lá e para cá, deixando de estar ao lado de fulano para ajudar beltrano. Se você só tem uma hora, vai ajudar quem: Quem quer ou quem não quer? Vai deixar de ajudar quem queira ser ajudado para jogar tempo fora com quem não quer ajuda? Você vai dar um livro para quem: Para quem quer ler ou para quem vai rasgar o livro e usar as folhas para passar no cú? Agora? Quer continuar no fundo do poço? Quer sair do buraco não? "Foda-se.""

Delírios e Delícias de uma Caminhada à Beira Mar

"Do apartamento na rua Mamanguape à praia, não passa de 500m de distância, proximidades do Carrefour da av. Domingos Ferreira. Pego o calçadão e me dirijo ao Pina, na altura da av. Herculano Bandeira, a cerca de 3km de onde me deparo retinas com o mar. Depois destes, retorno e, passando pelo ponto em que entrara na av. Boa Viagem, sigo em frente, em direção à Piedade, Candeias. Se os pés não me faltam, continuo à Barra de Jangada. Não é empreendimento para incipientes e o retorno é bem cuidado, posto a distância não ser pouca. A circunferência da Terra no equador é de, aproximadamente, 40.075 km. Se, ao longo de 2004 dias, a caminhada for uma média de 20km, o equivalente àquela medida terá sido vencido... Contrariamente ao que quase todos imaginam, não é Nietzsche que me segue nesta empreitada não circular do meu raciocínio. Não há espaço para amadorismos, quando se é lançado ao mar, sem pedidos, sem avisos prévios, sem se saber nadar; é nadar ou morrer... Do ser ao ser humano, ou deste àquele, a jornada é minimalista e, novamente, Nietzsche diz que eu procure outra companhia; atendo-lhe e, num maiô preto e envolta numa canga coloridíssima, saio em meu permanente diálogo 85% indutivo, pensamentos dados ao litoral do Sudeste... Meus pés latejam muito e, aos berros latentes, balbuciam, quase inaudivelmente, que a pele que os recobre e os músculos, nervos e ossos e tendões que o compôem, nada hão a ter com qualquer Filosofia ou convicção. Grotesco engano deles ou insensibilidade minha? O mar avança sobre pedras que foram plantadas para contê-lo; mas o mar avança e ri das vãs tentativas de se jugular o inevitável, quando este "foi construído" para que o ser se poupasse, ao máximo, de alguns (Ou talvez todos.) usos desnecessários da régua que mede. Não percebe a vontade menor como usar a febra da maior... Por céus! Daí tantas lamúrias. Meus pés estão em carne viva, inchados e nem mesmo uma confortável havaiana os apazigua; eles sabem que estão em posição diametralmente oposta ao que os comanda e relutam à submissão, pois imaginam que não a pediram e não a alimentam... Ainda no calçadão, porém à linha do Shopping Guararapes, pausa para uma água de coco; por incontáveis razões, não é possível beber do Oceano, ainda que deste se sorva águas várias do oceano que percebo, ambos de correntezas não sempre varias... Quilômetros ficaram para trás; outros mais há à frente. Uma brisa docemente salgada acaricia-me a pele, enquanto Neuronito (Meu neurônio isolado.), tenta extrair algo dos 15% que deduzem. É hora de retornar ao que nunca é o mesmo, jamais é perfeito, nunca é acabado... São tais nunca e jamais que fazem com que se ande, se busque, se caminhe; a perfeição seria o tédio, a morte, a supressão do aprender e construir. Não há lagos calmos e outros sons interrompem o gemido dos meus pés: o brilhantismo de Wojciech Kilar e o virtuosismo de Arthur Rubinstein embraseiam a própria música, quiçá o oceano. Não há eufemismos e o alemão que afirmava que, sem a música a vida seria um erro, deveria ter se poupado de óbvios e garimpado que, sem o "salto, o pensamento seria inviável e este, mais régua ou menos régua, teria que acontecer. A exaustão me incendeia, ao mesmo tempo em que me afoga. Fito as ondas, viro-me e adentro a Mamanguape; saindo dos quilômetros e medidas de distância, visto-me de matemática estatística. Acontece nas ""melhores" famílias"... Chego ao prédio, subo o elevador e, do quarto andar, corpo largado num chuveiro, ensaboo-me com duas certezas: eu existo e é hora de ir trabalhar."
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Febra - força. Várias - diversas; varias - mudas.

Cabelos Brancos

Cena 2010, Ato 11. (09.11.2010)
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"- Hhahhahahahahhahah. Diogo, Igor, olhem para a cabeça dela. Não tem um cabelo branco. Vocês vão ver só: daqui a um ano ela não vai ter um cabelo preto. Hhahhahahahahhaha.
- Se incomode não, Luiselza. S. Eduardo é doido.
- Eu sei, Diogo... Por isso que ele é intenso assim."

Site Dinâmico

Cena 2010, Ato 11. (05.11.2010)
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"- vc já esta juntando o material?
- Sim.
- registrou os domínios?
- Reservei-os, mas no registro.br eles sairam como registrados.
- pelo Uolhost?
- Não, pela Laniway.
- então não se preocupe. mas vc sabe que so podemos começar seu site em fevereiro.
- Sim e sei que não o farão em menos de dois meses.
- é verdade. lembre-se, luizelza, a palavra é conteudo e relacionamento, facebook, orkut, comunidades relacionadas.
- Eu sei...
- mas a sua ideia é muito boa. muito boa mesmo e tenho certeza que vai dar certo e vc pegou um dominio que é a cara do que quer.
- Muito obrigada, Diogo. Não é ainda aquela idéia que tanto amo, porém esta é a que preciso no momento.
- então vc vai manter aqueles domínios de tradução ainda?
- Apenas os com terminação .com, com.br e trd.br. O domínio principal e os do redirecionamento... Assim como este outro. E que a única coisa não formal neste que seja a palavra blog. No mais, formalismo estrito em tudo. Na tradução ainda há uma possibilidade de alguma flexibilização. Aqui não...
- deu para perceber, pelo que vc já falou. eu e Igor já pensamos num design inicial.
- Que bom! :D
- vc sabe que não vai conseguir manter o conteudo do site, se vc for atualizá-lo sozinha?
- Sim..."

Monólogo Dialogado Verde Entre (In)Sensatos Nuliglotas.

Cena 2010, Ato 11. (03.11.2010)
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"- vc não combina muito com dúvidas...... sua enciclopédia maluca sensivel sumidaaaaaaaaaaaaaa
- Eu sei... Que estou sumida. Creio que não combino é com dívidas... Acho que aquela morre quando estas nascerem...
- tá na sua testa, amiga. dúvidas.
- Hummm... Apenas uma única. Poupe-me de um plural que me sufocaria.
- o que você quer?
- O de sempre.
- é o que você pode?
- Também o de sempre.
- por isso a dúvida?
- Sim, mas se há dúvida, ela jamais vem do de sempre.
- vc é louca.
- Sou sua conselheira, esqueceu?
- também sou doido.
- Passei a tarde inteira jogando paciência, mas estou impaciente demais. Você e Derval estão bem?
- mais ou menos. a gente briga direto. ele vai para Teresina, fica um tempo e depois volta. vc sabe. reatamos, transamos e brigamos de novo e assim a vida continua........................
- Eu queria ir aí e chorar nos seus braços, mas parece que apenas chorei ao nascer. Parece que perdi a fórmula.
- ninguém perde a fórmula de chorar, querida.
- Sim, perde. Prometi que nunca choraria de medo ou por sofrer. Apenas de alegria. Mas neste momento sinto uma dor sufocante. É estranho... Nenhum medo, nenhum sofrimento, nenhum arrependimento. Apenas dor; é a dor de uma fome que não cessa, que não se curva e que não se apaga. Preciso fraquejar, ceder, experimentar uma baita bofetada da vida e me acrescer com tais experiências.
- doida varrida............................... volta para o PI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
- Se um dia isto acontecer, tudo bem. Este não é o momento... Hoje passei bem em frente ao prédio onde nos conhecemos. Aquele pardieiro na Demócrito de Souza F.
- kkkk. naquele ovo que não cabia nada???????????????
- Sim, sim. Lá em frente há agora uma deliciosa e pouco movimentada padaria. Sento, aprecio algo, leio o jornal e sei que, quanto mais avanço, mais as tempestades se afastam de mim. Eu, que adoro conselhos... Oh, quão pouco os sigo quando eles me impedem a sensatez. Ahhhh...
- que foi agora minha sinestesia ambulante?
- Esta conexão da Tim, aqui. Horror.
- quer a minha? ÉDGRÁTIS................
- Está difícil, Alex, muito difícil.
- não é você mesma que vive dizendo que detesta coisas fáceis.
- Sim, eu sei. Mas não é fácil aquilo que é apenas necessário. Estou subindo pelas paredes.
- dá pra notar..... poucas vezes lhe vi assim tão agitada. vc nao vai controlar as coisas como quer.
- Eu sei do óbvio, Alex.
- se é assim, por que vc não esquece?
- Como posso esquecer o prazer de estar aqui?
- dinheiro..............
- Falei prazer. Se eu tiver o que todo mundo tem eu serei como todo mundo é. Ai, Alex, ai, Alex, ai, Alex... Que faço?
- toma juízo.......................
- Procurei em vários lugares e não o achei."

(Des)Favor

....."A água fez o desfavor de faltar no exato momento da lavagem de uma pilha de roupas! E enquanto a mulher recolhia, de uma pequena bacia, algumas gotas do precioso líquido, para assim minimizar aquele inusitado, alguns pensamentos, também da pilha, voavam ora para perto, ora para longe...
.....Lançados às necessidades prévias do próprio existir, o ser humano, em maior ou menor grau, mostrava-se comandado por respostas a estímulos ádvenos, que incitavam, inclusos nestes, mais modificações no âmago. Não é fácil tirar sabão de uma blusa, usando-se água a conta gotas...
.....Todavia, como seria se cada um formatasse todo o comando da própria vida, exclusiva e minudentemente ao que se desejava? Deveras, precisar-se-ia de uma existência de milhares de anos, um equilíbrio sem par ao hoje e toda uma nova farmacologia. Não custa muito tempo para se aprender a lavar roupas. Demoraria, sim, o aprender a aprender a lavar...
.....O astro rei, naquele instante, protegido da ação humana, parecia se entremear entre nuvens sem qualquer convição de chuva, flocos de algodão cujo único intuito era o de passarem e, em algum lugar inevitável, despejarem-se livres, pesados, sem perguntas e sem respostas, apenas sensações... A chuva, de algodão em flocos, sente dor, mas não sofre; ela aprendeu a viver sem réplicas e já se cansou de implorar por contestações e tempestades. Não fosse tão forte, ela pararia de chover.
.....Ainda falta água e as roupas esperam; elas, não todos, foram instigadas à reflexão, não pelo que lhes é farto, mas pelo que lhes carece. É manhã de 26 de outubro de 2010; a cidade, onde o galo canta, sorri faceira. A água fez o favor de faltar..."

Hummm...

Cena 2010, Ato 10. (22.10.2010)
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- Alô.
- Boa tarde.
- Boa tarde. Dr. Luiz, por favor.
- Como? Moça, qual número você discou?
- 9736-1306.
- Sim... Este é número do meu celular, mas creio haver algum engano.
- Esse celular Dr. Luiz deixou para recado...
- Está escrito apenas Luiz?
- Tem um Elza depois do Luiz: Luiz Elza.
- O nome é junto moça: Luiselza.
- Ahhh...
- Sim... Em que posso lhe ajudar?
- Aqui é do V. Office e a Sra. veio saber dos nossos serviços; Estamos telefonando para saber se a Sra. foi bem atendida, se ficou alguma dúvida...
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Cena 2004, Ato 6. (13.06.2004)
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- Alô.
- Boa tarde. Por obséquio, eu desejaria falar com Abel, se possível.
- Quem é?
- Luiselza.
- Como?
- L-U-I-S-E-L-Z-A.
- Certo... Vou chamar.
- Muito obrigada.
- (Nome feio da porra.) Abel, telefone!

EUxEU

Cena 2010, Ato 09. (30.09.2010)

"- Como você está?
- Extremamente feliz e infinitamente limitada.
- ?
- Ou Teresina, tão Filosofia e paz... Ou São Paulo ou Rio, tão caos e cultura. Paços assim...
- E Recife?
- Faz parte da minha história, mas não mais da minha vida. Viver é mais importante do que meramente me historiar. Sou feliz nesta limitação temporária...
- Você está com frio?
- Não.
- Está com medo?
- Não.
- Apenas ali?
- Talvez... Talvez algum litoral pacato e confortável. Tenho que terminar o que nunca ninguém lerá.
- Vou perguntar de novo... Você está com medo?
- Não!
- Como você não tem medo se a sua coluna vertebral foi quebrada pela sua própria coluna vertebral?
- Quem disse isso?
- Você mesma. Esqueceu?
- Sou maior do que meus ossinhos. Não vou me curvar às soluções de continuidade que não me pertencem.
- Mas a fome lhe acompanhou desde que você nasceu...
- Teresina foi meu divisor de águas. Saí de lá com um olhar bastante diferente.
- Seu nome continua o mesmo...
- Estou sendo muito pressionada, sempre pelo mesmo motivo e não preciso de mais pressão.
- Tem certeza?
- Não. Dá para virar esta moeda?
- Sinto você pensando em Teresina.
- Quando eu morava lá, viajava direto. Estou trancafiada aqui; todos os lugares me são conhecidos e somente não me falam a mesma coisa porque eu mudei. Mudei mais que PE...
- Está com medo, Luiselza de Souza Pinto?
- Por que eu teria medo? De que eu teria medo?
- Da lucidez. Você está deixando a lucidez lhe dominar completamente.
- Isto não é crime, é?
- Nunca mais falaram mal de você, nunca mais fofocaram de você, nunca mais ficaram chocados com você, nunca mais você atentou contra a moral e os "bons costumes"... Claro que o motivo do falatório continuará (Continuaria...) sendo a intensidade chocante com que você mergulha no que acredita e ama. Você está ficando bem tediosamente não falada.
- Por céus! Jamais mandei alguém tomar nas duas letras, mas posso abrir uma exceção para você: "VÁ TOMAR NAS DUAS LETRAS!".
- Ei... Eu sou você.
- Se sou eu, por que você não se cala?
- Estou com fome e você não está me alimentando. Seu lado lúcido está feliz e o outro está limitado...
- A lucidez extrema não seria uma forma de loucura? Não estaria eu assim lhe alimentando?
- Vou morrrer de fome? Recuso-me. Protesto. Olha a hora!
- Ali é muito duro.
- Você não é a melhor expressão da maciez, embora extremamente sensível... Está com medo?
- Não... Mas aquela loucura precisa de uma estrutura que não tenho.
- Você prefere o caminho comum, então?
- Eu não disse isso...
- Você foi longe demais; não há tempo para se retrair, para se calar, para tremer.
- As pessoas ali são tão fortes...
- Você sempre foi 51% loucura e 49% lucidez. Não tente mudar isso agora. Melhor ser e estar entre os fortes. Não se prepare para o sorriso da mediocridade. Basta aquela palavra e nos casamos de novo... E para sempre."
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"Parece loucura conversar sozinho, mas loucura mesmo é a ausência de autodiálogo." (Augusto Cury)

Momento :S

Cena 2010, Ato 04. (25.04.2010)
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- Você não mandou o endereço daquele vídeo do padre de Arapiraca (!) para D. A., mandou?
- Mandei sim.
- :S

Momento "Pois É..."

Cena 2010, Ato 02. (05.02.2010, à tarde.) (Sala de estudos em grupo - IDB.) - Eu, de cabeça baixa, enfiada no livro de Direito Penal (Nucci)...
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- Oi!
- Boa tarde.
- Estudando para concurso?
- Sim.
- Qual?
- Nenhum, especificamente. Estou vencendo minhas muitas lacunas...
- Também estou estudando pra concurso.
- Para qual?
- Só para delegada de polícia daqui. Vou começar meu mestrado.
- Parabéns. Que bom.
- Também sou professora...
- De onde?
- Da XXXXX e da XXXXXXX.
- Você ensina quais disciplinas?
- Administrativo e constitucional. Outras não gosto de ensinar não.
- Você não vai fazer a DPU e nem a AGU?
- Não. E você?
- AGU, nem pensar. Quanto à DPU, ainda estou em dúvida. Não estou nem a 10% do assunto e a prova é daqui a um mês.
- Dá para ver.
- Em um mês? Aquilo é assunto para uns dois anos... A prova ainda vai ser V ou F, feita pelo Cespe.
- É? Não tava sabendo.
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[Silêncio.]
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- Conheço-lhe: você foi da primeira turma de direito da UESPI. Da turma que homenageou o professor "V P", reitor "J N", Governador "M S". O professor "V P" foi meu professor de Filosofia do Direito. Eu sou da turma do Mauro, Alcione, Margareth, Priscila, Samuel, Bruno. Seu nome?... Desculpe-me, não estou lembrada.
-É. Da placa perto da sala de leitura. "L".
- Isso mesmo! O meu é Luiselza. Você tem um casal de filhos que estuda aqui, não é mesmo?
- É.
- A minha filha também estuda aqui. Está no 3° ano, ensino médio.
- Você tem OAB? Está advogando?
- Sim, tenho OAB. Mas, só advogo o suficiente para não morrer de fome. Meu tempo é para concursos.
- Você é daqui não?
- Sou pernambucana. Vim para cá com meu marido e aqui nos divorciamos.
- Ele arrumou outra?
- Sim.
- Vocês estavam casados?
- Não. Depois que nos separamos.
- Você fala com ele?
- Sim, claro.
- Eu não falaria mais nem...
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[Silêncio.]
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- Como são os pernambucanos?
- Normais.
- São machistas?
- Não acho.
- O que você acha dos piauienses?
- Normais. Casei com um.
- Só vou fazer concurso aqui. Meu marido só quer aqui.
- Bem, pretendo fazer para qualquer cidade litorânea.
- Vixe... Odeio praia.
- Pois eu adoro.
- Eu também acho feio quem tem sotaque...
- O meu continua fortíssimo.
- É.
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[Silêncio.]
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- Fui à Natal e achei-a fantástica.
- Também fui lá. Adorei o shopping. Só. Aquele lugar tem muito gay. Não gosto dessa gente. Devia tudo morrer.
- Sou bissexual.
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[Silêncio.]
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- Vou ver se o recreio começou... Tchau.
- Até mais e felicidades.

Faces das Minhas Fases

Cena 2009, Ato 03.
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- Ele precisa é estudar.
- Estudar um cacete. Tem que trabalhar.
- Trabalhar como, se ele não tem qualquer qualificação profissional? Mal sabe escrever...
- Se vira.
- Vocês estão deixando solto no mundo alguém que já está sendo esmagado. Ele não sabe de nada.
- Se vira.
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Cena 2010, Ato 01. (25.01.2010)
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- Porra, Lu! Cê veio em Recife e nem me ligou.
- Desculpe-me. Fui às pressas e não havia planejado a viagem.
- A gente foi para Itamaracá.
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[Silêncio.]
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- Quando você vem de novo?
- Não sei... Talvez em março.
- Vamos lá, então.
- LG... Você sabe que não sou de muitas pessoas. Reuniões, para mim, com no máximo cinco, para que todos tenham atenção e eu não perca o foco. Mais que isto representa dispersão, a meu ver...
- Porra. Tu se acha.
- Não me acho nada. Apenas não vou para um lugar que todos sabem que é para beber e beber e beber. Não há conversa; há bebida. Vi as fotos... Também não gosto de música alta, de gritaria e não é segredo que lá existe isto, sempre.
- Por isso é que você não consegue dar!
- Não quero dar. Quero vender ou trocar. Ou guardar, que é o que tenho feito... Quem dá é você, para qualquer uma que lhe acene. Todos sabem e você não nega e nem se nega.
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[Silêncio.]
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- Tchau. Fui.
- Até mais e vá com Deus.

Eu e a Medicina


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ATO 2001, CENA 08.
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- Você nunca vai ser médica.
- Você está louco.
- Um dia você vai notar que sua dor é só a reclamação do comodismo que você abandonou. Você um dia vai olhar para o que detesta hoje.
- Sim, você está louco.
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ATO 2002, CENA 05.
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- Quero morrer Adriano. Não consigo viver sem a medicina.
- Larga tudo Luiselza, larga tudo e volta. Eu banco a sua medicina, em tudo e você sabe disso. Você está cansada de saber disso.
:/
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ATO 2004, CENA 09.
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- Não consigo viver sem a medicina, Adriano. Mas já não quero morrer.
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ATO 2009, CENA 11.
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- Se você riscar os livros que te emprestei, vai me pagar.
- Xiii... E se eu escrever alguma coisa útil?
- Vai pagar do mesmo jeito. Nem um risquinho! Vou procurar com uma lupa...
- Adriano... Estou com vontade de tentar a magistratura federal. Tentar. Um dia, talvez, quem sabe, talvez, quem sabe? Ainda não tenho certeza.
- Eu sabia.