.
ATO 2009, CENA 02.
.
- Pode escrever o que estou dizendo...
- Por que você não joga na loteria e acerta?
- Sou como você: detesto jogar.
- Estranho demais suas previsões. Elas podem me induzir a que eu faça, exatamente o que você previu, como se fosse um ímã.
- Tem certeza?
- Sim.
- Você é uma concha fechadíssima, Luiselza. Por isso que é uma escritora compulsiva. Se libera no que escreve.
- E daí?
- Não se iluda não. Assim que você conseguir o que ainda nem vê, não vai querer nunca mais voltar à Universidade.
- Adoro aprender... Eu sempre disse isto.
- Eu sei. Mas não se aprende só numa universidade.
- Quero estar no meio acadêmico.
- Ainda...
- Quero publicar um livro, receber críticas e me aprimorar.
- Ainda...
- Ei... Não morri, sabia?
- Eu não disse que você ia parar de escrever. O que acontece é que você não vai querer perder tempo com explicações. Por isso, quando passar sua face de escritora de blog, você vai guardar tudo que escreveu.
- Isso é efeito da fome, é?
- Não.
.
.
.
- Luiselza! Adriano! Vamos almoçar.
- Sim, Regina... Vamos lá, Adriano.